Conhecer um pouco sobre o universo do Psicopedagogo é fundamental para a família e a escola terem confiança em seu trabalho.
É muito comum familiares não saberem exatamente o papel do psicopedagogo no processo de aprendizagem da criança. Algumas vezes, seu trabalho é confundido com o do psicólogo. Talvez por esses serem dois profissionais que estudam e atuam com base nos conhecimentos do desenvolvimento humano. Porém, a natureza do trabalho do psicopedagogo está baseada na aprendizagem. Todos os aspectos observados por esse profissional, inclusive o emocional, o auxiliam a compreender melhor como a criança aprende.
O Código de Ética do Psicopedagogo em seu artigo 1 estabelece que a Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico.
O artigo 3 estabelece como objetivos da atividade psicopedagógica:
a) promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de inclusão escolar e social;
b) compreender e propor ações frente às dificuldades de aprendizagem;
c) realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia;
d) mediar conflitos relacionados aos processos de aprendizagem.
No centro do trabalho psicopedagógico está a criança (ou outro indivíduo em qualquer fase de sua vida) que apresenta alguma dificuldade de aprendizagem, transtorno ou distúrbio. Cada caso precisa ser analisado para uma intervenção clínica ou institucional.
O psicopedagogo na escola
Nas escolas, atua de forma preventiva, no apoio e formação dos educadores, para que todas as crianças sejam acolhidas. Deve orientar os professores com práticas inclusivas, como a adaptação de conteúdos. Ajuda também a equipe pedagógica a compreender as diferentes modalidades de aprendizagem das crianças, capacitando os professores para essa identificação. Assim, o foco estará em como a criança aprende e não apenas no como o professor ensina. No texto “Como um bom professor ensina?” falamos um pouco sobre isso. Cabe a esse profissional dar suporte na avaliação de casos que não estejam correspondendo às expectativas na busca de solucionar a dificuldade ou avaliar quando é necessário o encaminhamento da criança para um outro profissional.
A família precisa estar sempre por perto para acompanhar e ajudar. O psicopedagogo institucional poderá auxiliar a escola com estratégias de envolvimento da família. Isso facilitará o diálogo e a compreensão sobre determinado comportamento ou dificuldade que estejam interferindo no aprendizado da criança. No atendimento clínico, cabe a ele orientar a família e a escola sobre o desenvolvimento da criança, esclarecendo as melhores estratégias de aprendizado em cada caso.
O atendimento clínico e o trabalho em equipe.
Dessa maneira, o atendimento clínico deve atender a casos que ultrapassem a possibilidade da escola atuar. São casos que necessitam de uma atenção individual em que o psicopedagogo atua nas comorbidades relacionadas à aprendizagem. Uma delas é o desenvolvimento das funções executivas do cérebro, como atenção, memória, planejamento, essenciais para o aprendizado na escola (e para a vida também!).
A criança chega com a queixa na clínica psicopedagógica encaminhada por outros profissionais ou pela escola. Neste último caso, quando o psicopedagogo precisa solicitar a avaliação de um outro profissional (psicólogo, fonoaudiólogo, neurologista, entre outros), muitas famílias ficam confusas. Porém, ela precisa compreender que a atuação da equipe multidisciplinar é importante para o diagnóstico preciso.
Muitos transtornos ou distúrbios são diagnosticados por outros profissionais. Portanto, um psicopedagogo responsável não atua sozinho. Quando desconfia de algum distúrbio ou transtorno mais específico, deve encaminhar para o profissional especializado validar ou não a suspeita do diagnóstico. O Distúrbio do Processamento Auditivo Central (PAC) cabe ao fonoaudiólogo diagnosticar. Já o TDAH (Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade), cabe ao psicólogo através de uma avaliação neuropsicológica. As informações dadas pelo psicopedagogo sobre a criança são essenciais e servem de pistas para o diagnóstico desses e de outros casos.
Inclusão e o trabalho psicopedagógico
O psicopedagogo é o profissional capacitado para lidar com situações que requerem um olhar especial para o aprendizado. Assim, crianças com deficiência são beneficiadas com o seu trabalho, tanto institucional quanto clínico. O diálogo com profissionais de outras áreas, especialmente da saúde, e sua formação que ultrapassa os conhecimentos da pedagogia, ajudam a compreender mais profundamente o universo da inclusão.