Uma pergunta que todos querem responder…
A sala de aula é um ambiente de aprendizagem que envolve muitas expectativas, tanto da equipe docente quanto da família. Isso sem falar da criança e como ela enxerga todo esse processo. Inevitavelmente é o palco de muitos desafios. Parece que a cada dia fica mais difícil para o professor lidar com tudo que está ao redor de seu trabalho. Um assunto complexo e amplo, com diferentes abordagens como a pedagogia, psicologia, sociologia e mais recentemente a neurociência.
Muitas variáveis interferem diretamente no processo de aprendizagem da criança e de ensino do professor. E por isso, fica a pergunta: como um bom professor ensina? Dependendo da experiência de cada um, as respostas podem ser as mais variadas possíveis.
“Um bom professor é aquele que envolve seu aluno e faz com que ele aprenda o conteúdo.”
“Bom mesmo é quem consegue sair feliz da sala no fim de um dia de muitos problemas.”
“O melhor professor que eu tive foi o que me fez aprender História que eu detestava.”
Poderíamos escrever aqui tantas outras afirmações sobre o que é um bom professor e como ele ensina. Mas vamos chamar a atenção para um ponto: bons professores pensam na melhor maneira que eles podem ensinar ou na maneira que o aluno aprende? A inversão do olhar em buscar compreender o aluno e envolvê-lo no processo de aprendizagem pode fazer muita diferença.
Compreender as razões das limitações na aprendizagem, conhecer os pontes fortes e pontos fracos de cada aluno, saber que ali estão seres humanos que trazem consigo uma história de alegrias e dores que podem interferir diretamente na maneira como se relacionam com a matemática, o português, a história, a geografia, as ciências e, principalmente, com o outro. Essa sensibilidade pode ser o primeiro passo para respondermos à pergunta “Como um bom professor ensina?“.
Os estudos da neurociência têm reafirmado a ideia de que a aprendizagem depende de fatores para além da cognição (aqui vamos chamar de inteligência). Fatores socioemocionais, características inatas (que não devem ser consideradas como determinantes) também interferem diretamente na forma como alguém aprende algo. Estar envolvido emocionalmente com o aprendizado, o que na psicopedagogia chamamos de despertar o desejo do aprendente, é crucial para o estabelecimento de vínculo que abre os caminhos para a conquista de novos aprendizados.
O professor não pode mais preocupar-se essencialmente em dar conta do que se tem para ensinar. É preciso que ele saiba como se faz para aprender. O aluno que não aprende ou a escola que não ensina o que o aluno deseja e da maneira que ele é capaz de aprender? E só aprendemos algo de quem nós autorizamos a nos ensinar. Ou seja, de quem estabelecemos um vínculo. Dentro da escola, ele promove segurança. E, da parte do professor, construir vínculo precisa ser intencional, planejado, necessita de sua força e coragem.
Talvez possamos dizer que um bom professor é aquele que faz o aluno aprender levando em consideração todos esses aspectos que cercam o aprendizado:
- Cada um aprende de um jeito diferente do outro.
- A emoção precisa ser levada em conta nos processos de aprendizagem.
- O vínculo será um facilitador do processo e precisa ser construído.
- Cada um tem habilidades inatas diferentes que precisam ser descobertas e potencializadas.
- Cabe então a pergunta “Como essa criança aprende?” antes de se pensar em “Como eu ensino?”
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