Cada vez mais notamos uma procura tanto por escolas montessorianas como por Montessori em casa. Resolvi contar um pouco de como foi minha trajetória com o método até aqui. Isso para que você possa se inspirar a encontrar qual método, pedagogia ou filosofia mais se parece com você, professor(a), ou com sua família.
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Muitos pais me perguntam qual escola eu acho melhor para seus filhos. E eu não tenho dúvida em dizer que não existe uma escola melhor ou pior, existe aquela que é mais apropriada para cada criança e para cada família. Só precisamos ter o cuidado para não acharmos que fazer o melhor de cada pedagogia é um caminho. Sobre isso, podemos conversar outro dia. Aqui em casa uma educação pautada nos princípios montessorianos é a que mais nos identificamos. Mas como Montessori entrou em minha vida para que pudéssemos fazer essa escolha? Afinal, só conseguimos escolher aquilo que conhecemos.
Durante minha faculdade, pouco estudei sobre Maria Montessori. Ela foi apenas (infelizmente) mais um método dentre tantos outros. Na cidade em que morava na época, pouco se falava sobre o método. Somente anos depois de formada é que tive a oportunidade de trabalhar como professora em um projeto social que tinha o método Montessori como alicerce. Iniciei como assistente e a identificação foi algo quase que instantâneo. Muitas respostas para as perguntas que eu tinha foram se apresentando na medida em que eu estudava e trabalhava com o método.
Era uma escola de educação infantil, com uma turma de 25 crianças, todas bolsistas e filhas de funcionários do local onde a escola ficava. Tudo que me encantava! O olhar para a criança acreditando nela e em seu potencial, presente em cada cantinho da sala, na sutileza de cada detalhe que harmonizava aquele ambiente, me fez ter certeza que eu havia encontrado o caminho que tanto procurava. Nunca mais fui a mesma professora, mesmo em escolas ditas “tradicionais”. Tornei-me uma professora observadora. Assim, as crianças me diziam qual o caminho que deveríamos seguir e não mais eu, apontando esse percurso.
As respostas que eu procurava estavam nos 6 pilares do método.*
- Autoeducação
- Educação como ciência
- Educação Cósmica
- Ambiente Preparado
- Adulto Preparado
- Criança Equilibrada
Anos mais tarde me casei e tive meu filho. Meu marido já conhecia o método. De tão envolvida que fiquei com os estudos e o trabalho, ele acompanhava cada passo meu. Não tivemos dúvida que, desde pequeno, nosso filho iria usar copos de vidro, garfo, faca, ser responsável e ter orgulho do seu trabalho, ter acesso ao mundo real através de documentários e livros sobre o mundo que vivemos. Tivemos ainda, a feliz oportunidade de colocá-lo na escola em que eu trabalhava e era montessoriana.
Ser uma professora montessoriana e ver meu filho tendo a oportunidade de ser uma criança na mesma escola foi uma experiência única (já contei em um outro texto os desafios que enfrentei quando fui professora dele – clique aqui para ler o texto “Ser mãe, ser professora”). Em nossa casa nunca ESTUDAMOS para ser pais montessorianos. Seguíamos as orientações da escola, eu conversava com meu marido sobre o que eu vivia como educadora e trazíamos essa essência para dentro de casa. Sem nos preocuparmos em sermos pais perfeitos, mas tentando ser o melhor que podíamos (e nem sempre a gente consegue viu? Mas está tudo bem).
Na primeira infância de Mateus (até os 6 anos), nos guiamos pela seguinte ideia de Maria Montessori: “Não faça por uma criança aquilo que ela acredita ser capaz de fazer sozinha”. É muito importante ficar atento para a palavra ACREDITA. Talvez ela tentará fazer algo que nós imaginamos que não seja possível ainda e, por isso, queremos ajudá-la. Deixe que ela tente primeiro, observe o que é capaz de fazer sozinha. Só depois veja como é possível ajudá-la, se ela te pedir ou se for realmente necessário.
Agora que nosso filho está com 7 anos, procuramos não pensar por ele. Montessori já dizia, é o momento de “Ajude-me a pensar por mim mesmo”. E não é fácil, muitas vezes ele vem com perguntas e nós acabamos respondendo, sem dar a chance de que ele pense com o que ele tem até ali. Mas estamos tentando, sempre que possível não damos respostas prontas, encorajamos ele a lembrar o que sabe a respeito, perguntamos o que ele acha, como ele faria, qual a melhor opção e as consequências de cada escolha.
Montessori era médica psiquiatra e, no caminho para conhecer melhor a criança, teve grande influência de estudiosos da área da educação de crianças com deficiência. Também procurei os estudos da Psicopedagogia para compreender um pouco mais sobre as necessidades e a melhor maneira de ajudar essas crianças na escola. Por isso, acredito muito que o método e a filosofia montessoriana podem conversar com a Psicopedagogia. Hoje, como Consultora Educacional especializada em Psicopedagogia, tenho Montessori como uma filosofia que me inspira, se assim ela me permitiria dizer.
*Para saber mais sobre os 6 pilares do método Montessori lei o texto “Método Montessori” do site Lar Montessori de Gabriel Salomão. Clique aqui