Maria Psicopedagoga


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Duas paixões se uniram na criação há um ano do canal @marianaeduca: a Psicopedagogia e Maria Montessori. Ao cursar Psicopedagogia não havia uma única aula em que algum texto ou prática Montessoriana não pudesse ser relacionado. 

Em seu livro “A Formação do Homem”, escrito no final da década de 40 e publicado em 1949 Maria Montessori já afirmava:

“Para o momento, uma coisa já está clara: a pedagogia não deve ser guiada, como no passado, pelas ideias emitidas pelos filósofos, filantropos, pessoas unicamente inspiradas pela piedade, a simpatia ou a caridade. A pedagogia deve tomar como guia a psicologia, a psicologia aplicada à educação, à qual é conveniente dar um nome distinto: psicopedagogia.” (p. 28)

Nesse momento, pouco – ou quase nada – se falava sobre a Psicopedagogia. Não com esse enfoque, com o princípio de “ajudar para vida” e compreender os processos de aprendizagem e a criança. Estudos apontam que na França, por volta de 1946, surgem os primeiros centros psicopedagógicos, com um caráter muito mais médico do que pedagógico. Na América Latina, mais especificamente na Argentina, apenas na década de 50 os estudos se tornam mais robustos. E no Brasil, apenas na década de 70 torna-se um campo de estudos. 

O estudo da trajetória da Psicopedagogia e do Sistema Montessori não deixam dúvidas que Maria Montessori pode ser considerada uma das primeiras psicopedagogas preocupadas com o aprender olhando primeiramente para a criança como um ser completo, com “capacidades que precisam ser vistas, respeitadas e valorizadas”.

Na Psicopedagogia o desejo pelo aprendizado e vínculo entre ensinantes e aprendentes (que se alternam nesses papeis) é o ponto de partida. Se pensarmos que para Montessori a criança deve ser nosso guia, com seu “impulso vital e as leis cósmicas que a conduzem inconscientemente”, também estamos falando da vontade que dirige sua formação. 

A Psicopedagogia no faz pensar na perspectiva de “como essa criança aprende” e não mais apenas “como eu ensino”, o que muda completamente o cenário. É como se Alícia Fernandez ratificasse o olhar de Montessori para o professor: aquele que deve ser muito mais um orientador Montessori, um guia, do que um detentor do saber. 

O Sistema Montessori desloca o olhar do conteúdo para o pensamento e como ele acontece. E não é esse o grande olhar da Psicopedagogia, como aprendemos!? Não se trata de desvalorizar o conteúdo. É algo maior. Olhar como melhor aprendemos qualquer conteúdo, como pensamos o mundo, uma Educação Cósmica. Um conteúdo que não é único, mas científico e que vem do mundo real. Tanto a Psicopedagogia quanto Montessori estão embasados nesse saber científico, aquele que observa e experimenta. Ambos sabem também que cultura, ambiente e a psique são essenciais para que essa observação e experimentação de fato se tornem um saber científico a favor do aprendizado.

Hoje a neurociência tem sido um grande aporte para a Psicopedagogia. Basta a leitura de alguns artigos para também encontrarmos o que Maria já nos apresentava há mais de 100 anos. Estaríamos então diante de mais uma grande coincidência? Não acredito. Prefiro seguir firme estudando e aprendendo com a psicopedagoga mestra Maria Montessori e tecendo diálogos como esse, em busca de uma educação para a paz e de “ajudar para a vida como princípio fundamental”.




Por

Sou Mariana Vieira, mestre em Educação (2010), com licenciatura em Pedagogia(2004). Minha atuação com a educação inclusiva e anos iniciais do Ensino Fundamental, me trouxeram para a Psicopedagogia Clínica e Institucional. Hoje, atuo como Consultora Educacional especializada nessa área.

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