Para alguns as férias já começaram, para outros ainda estão chegando. Sabemos que a realidade de muitas famílias é se revezarem entre tios, primos, avós e babás no cuidado com as crianças. Por isso, resolvi escreve um pouco sobre desenvolvimento infantil e brincadeiras, o que é relevante para esse momento tão importante.
Cada momento do desenvolvimento infantil (que envolve o amadurecimento das funções internas cerebrais e habilidades sociais) tem suas características. E, conhecer um pouco mais nos ajuda a pensar brincadeiras que realmente irão envolver as crianças de acordo com aquilo que elas mais querem e precisam.
A ideia não é fazer um estudo aprofundado sobre desenvolvimento infantil, muito menos limitar ou restringir as brincadeiras dentro daquilo que achamos o desejável para o desenvolvimento da criança. Afinal, o mais importante do brincar é que ele seja livre e divertido. Entretanto, algumas dicas podem ajudar os cuidadores, especialmente no período de férias em que precisamos ser muito criativos e estar pronto para brincar!
Brincando com a criança de 1 a 4 anos.
Esse é o período da vida em que o ser humano mais aprende. O desenvolvimento motor deve ser estimulado para conquistas importantes. Estabelecer o vínculo com a criança é sempre o mais relevante. Gosto muito de como Maria Montessori refere-se à criança dessa faixa etária: Ajude-me a fazer por mim mesmo.
Com cerca de 1 ano a criança começa a andar (com ou sem apoio), já atende quando chamado pelo nome, chora quando leva bronca e sorri quando elogiada. Uma sugestão são brincadeiras e músicas com as partes do corpo que ela já é capaz de identificar. É importante se envolver de verdade na brincadeira e desafiar a criança. Contar histórias, para qualquer idade sempre. Aqui, vale focar em histórias com os sons dos animais para eles repetiram, palavrinhas e situações do dia a dia para estimular e ampliar o vocabulário.
Com 1 ano e meio a maior parte dos pequenos já deve ser capaz de andar com autonomia, começa a usar palavras além de “mama”e “papa”, faz torre com 4 cubos e puxa brinquedos em cordas. Nas brincadeiras, objetos podem assumir a função de diferentes brinquedos. Procure abusar da imaginação e ligar para o papai (porque pra mamãe a gente já liga demais, né) com uma escola de cabelo, fazer uma bateria com uma bacia e uma colher de pau. Blocos de montar grandes elas adoram. Chame-as a participar das histórias, repetindo palavras, adivinhando o que vem a seguir. Tudo isso ajudará a ampliar seu vocabulário.
Entre os 2 e 4 anos, a conquista da autonomia para tarefas diárias como calçar os sapatos e comer sozinho vem acompanhada da conquista da fala. A coordenação motora das mãos está cada vez mais refinada. A hora da história terá momentos de concentração e de envolvimento total. Perguntam o que, onde, e vão conquistando a fala de frases. Criar desafios de tirar a camisa, vestir a roupa, calçar os sapatos, fazer um desfile de moda estimulam a criança a querer fazer por si só. Fazer a criança perceber que consegue é o grande aliado para ajudar na conquista da autonomia. Desenho, pintura e massinha são ótimas atividades, que podem vir logo após as histórias ou como uma livre expressão das sensações.
Brincando com a criança de 5 e 10 anos
Essa é a idade em que elas começam o contato com a alfabetização na escola. Iniciam e concluem o processo leitura e escrita dentro dessa faixa etária. Algumas alcançam o objetivo perto dos 6 ou 7 anos, outras ainda precisam de mais um pouco. Por isso, atividades de leitura (mas que sejam divertidas e espontâneas, com real desejo da criança) são muito importantes. Mesmo que ela já consiga ler sozinha, não deixe de ler para ela também. É mágico para elas ver um adulto lendo e conseguir acompanhar também (além de se um belo aprendizado).
Nessa faixa etária seu desenvolvimento neuropsicomotor está mais refinado e aos poucos conquista sua autonomia total na realização das tarefas diárias. Além disso, sua personalidade já começa a ficar mais evidente e os laços com os amigos ficam cada vez mais fortes. Nessa faixa etária, Montessori já diza: ajude-me a pensar por mim mesmo.
Brincadeiras coletivas e jogos com regras são a melhor pedida, eu diria, para esse momento. Traga os amiguinhos da escola ou do condomínio e proponha uma tarde de jogos. Imagem e Ação, Se Vira, Cara a Cara, Perfil Júnior são alguns exemplos. Há uma variedade muito grande disponível, com a indicação da faixa etária já bem definida. Só não vale esquecer de ir para fora de casa e pular corda, brincar de bola, pique bandeira, andar de bicicleta, patins e todos as outras brincadeiras que você lembrar e inventar com elas.
Estar com outras crianças, respeitar as regras do jogo, saber esperar a sua vez, negociar com o grupo qual a próxima brincadeira são habilidades que precisam ser desenvolvidas nessa faixa etária. E o adulto deve ficar de olho, interferindo se achar muito necessário.
Não deixe de procurar em sua cidade programação de férias ao ar livre para as crianças. Colônia de férias, cinema, parques, teatro, oficinas, museus são atividades que contribuiem para o desenvolvimento e bem estar físico, emocional e social de nossos pequenos. Organiza-se com as outras famílias, façam um revezamento dentro do possível, contra uma rede de apoio com as famílias dos amigos de seu filho, sua filho. Esse vínculo fará a diferença e as férias serão inesquecíveis!